segunda-feira, 9 de junho de 2008

O caçador e a fada em Serralves


Foi depois do ensaio de "O Caçador e a Fada", projecto apresentado pelo Colectivo Causa A.C. no concurso lançado pelo Serralves em Festa 2008, que o SE7E conversou com Amândio Pinheiro. Em nome do grupo falou do espectáculo que é dirigido aos mais novos e que aborda o mundo mágico das fadas, dos duendes e dos seres que habitam a natureza. Mais do que um teatro de rua, o espectáculo pretende consciencializar os petizes para a necessidade de preservar a natureza.

Quem é o Colectivo Causa A.C.?
O Colectivo Causa A.C. existe há uns anos, mas de uma maneira informal. Nasceu de um grupo de pessoas, quase todas originárias de Vila das Aves, ligadas à cultura e que trabalham nos mais variadíssimos locais como o Teatro Nacional D. Maria II, que é o meu caso, a Casa da Música ou o Teatro Nacional São João. No fundo, somos uma série de técnicos, de criadores e de artistas que decidiram a certa altura formar um colectivo que lançasse projectos. A particularidade da nossa associação é que uma grande parte de nós está espalhada por todos os lados, inclusivamente no estrangeiro, o que quer dizer que muito raramente estamos todos juntos, ou seja, encontramo-nos quando o projecto acontece. Cada um de nós tem uma função específica dentro do processo de criação e vamos elaborando os projectos à medida que eles vão surgindo.

Foi o que aconteceu com este espectáculo criado para o Serralves em Festa?
Sim. Houve um concurso, decidimos candidatar-nos e quisemos fazer um projecto especificamente para Serralves. Para o Parque. É feito a pensar nestes jardins, nestas árvores, neste percurso, neste ambiente e, portanto, criamos de raiz um espectáculo para crianças ou para adultos que continuem a ser crianças.

Qual a razão para terem escolhido o tema das fadas e de que forma são recrutadas as crianças que participam no espectáculo?
Uma parte são familiares, a outra vem de uma escola da Ponte, de Vila das Aves. Trata-se de um projecto educativo famoso em todo o mundo, com a qual já trabalhámos e temos vindo a colaborar. Fomos buscar pessoas com quem já tínhamos feito ateliês, miúdos que já conhecíamos e outros que não, além de termos também incluído no nosso projecto músicos. Essencialmente, a filosofia do espectáculo passa por recordar aquelas fugas de casa à noite para dar um belo passeio no meio das árvores e, por isso, decidimos reunir toda uma série de elementos e de actores profissionais para criar um percurso com algumas cenas dramatizadas. Já por si a sensação de ter uma lanterna na mão e andar no meio do escuro é um espectáculo e será o regressar do adulto ao passado, ao mesmo tempo que será também uma sensação fortíssima para as crianças das cidades que hoje em dia já não vivem muito estas experiências. Actualmente, vivemos emersos na luz, nos neons, nos carros, na agitação e nunca ouvimos a natureza de noite e, portanto, é esse ambiente mágico que queremos criar. Qualquer pessoa, por muito céptica que seja, quando é colocada no escuro, qualquer coisa lhe virá à cabeça e existem uma série de sugestões que a própria natureza induz. Nesse sentido, fomos buscar a tradição celta das fadas, dos duendes, de todos os seres mágicos que teve ao longo do tempo autores e poetas que descreverem estes mundos que agora decidimos colocar em determinados pontos do nosso percurso.
Ler entrevista no jornal Primeiro de Janeiro

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